quarta-feira, 6 de julho de 2011

Clarice Lispector




Até cortar os próprios defeitos pode ser perigoso. Nunca se sabe qual é o defeito que sustenta nosso edifício inteiro.

Brasília… Uma prisão ao ar livre.


Minha força está na solidão. Não tenho medo nem de chuvas tempestivas nem de grandes ventanias soltas, pois eu também sou o escuro da noite.


Que ninguém se engane só se consegue a simplicidade através de muito trabalho.


Renda-se, como eu me rendi. Mergulhe no que você não conhece como eu mergulhei. Não se preocupe em entender, viver ultrapassa qualquer entendimento.


Enquanto eu tiver perguntas e não houver respostas... Continuarei a escrever


Já que se há de escrever, que pelo menos não se esmaguem com palavras as entrelinhas.


Não quero ter a terrível limitação de quem vive apenas do que é passível de fazer sentido. Eu não: quero uma verdade inventada.


Ela acreditava em anjo e, porque acreditavam, eles existiam.
(A Hora da Estrela)


Liberdade é pouco. O que eu desejo ainda não tem nome.
(Perto do Coração Selvagem)


Terei toda a aparência de quem falhou, e só eu saberei se foi a falha necessária.
(A paixão segundo G.H)


E o que o ser humano mais aspira é tornar-se ser humano


Quando se ama não é preciso entender o que se passa lá fora, pois tudo passa a acontecer dentro de nós.


...estou procurando, estou procurando. Estou tentando me entender. Tentando dar a alguém o que vivi e não sei a quem, mas não quero ficar com o que vivi. Não sei o que fazer do que vivi, tenho medo dessa desorganização profunda.


Passei a vida tentando corrigir os erros que cometi na minha ânsia de acertar.



Eu não: quero é uma realidade inventada.


Suponho que me entender não é uma questão de inteligência e sim de sentir, de entrar em contato... 
Ou toca, ou não toca.


O que verdadeiramente somos é aquilo que o impossível cria em nós.


Porque há o direito ao grito.
então eu grito.


Mas tenho medo do que é novo e tenho medo de viver o que não entendo - quero sempre ter a garantia de pelo menos estar pensando que entendo, não sei me entregar à desorientação.


Porque eu fazia do amor um cálculo matemático errado: pensava que, somando as compreensões, eu amava. Não sabia que, somando as incompreensões é que se ama verdadeiramente. Porque eu, só por ter tido carinho, pensei que amar é fácil.


O que importa afinal, viver ou saber que se está vivendo?


Como se ela não tivesse suportado sentir o que sentira, desviou subitamente o rosto e olhou uma árvore. Seu coração não bateu no peito, o coração batia oco entre o estômago e os intestinos.


Eu não sou promíscua. Mas sou caleidoscópica: fascinam-me as minhas mutações faiscantes que aqui caleidoscopicamente registro.


E se me achar esquisita,
respeite também.
até eu fui obrigada a me respeitar.


Eu não sou tão triste assim, é que hoje eu estou cansada.


Sou um coração batendo no mundo.


Ter nascido me estragou a saúde


Sinto a falta dele
como se me faltasse um dente na frente:
excruciante.


...nada jamais fora tão acordado como seu corpo sem transpiração e seus olhos-diamantes,
e de vibração parada.
E o Deus? Não.
Nem mesmo a angustia. O peito vazio, sem contração. Não havia grito.


Não se conta tudo porque o tudo é um oco nada.


E nem entendo aquilo que entendo: pois estou infinitamente maior que eu mesma, e não me alcanço.


Fique de vez em quando só, senão será submergido. Até o amor excessivo pode submergir uma pessoa.


Com todo perdão da palavra, eu sou um mistério para mim.


Tenho várias caras. Uma é quase bonita, outra é quase feia. Sou um o quê? Um quase tudo.


Olhe, tenho uma alma muito prolixa e uso poucas palavras. 
Sou irritável e firo facilmente. 
Também sou muito calmo e perdôo logo. 
Não esqueço nunca. 
Mas há poucas coisas de que eu me lembre.


Eu queria escrever luxuoso. Usar palavras que rebrilhassem molhadas e fossem peregrinas. Às vezes solenes em púrpura, às vezes abismais esmeraldas, às vezes leves na mais fina seda macia.


Gosto do modo carinhoso do inacabado, do malfeito, daquilo que desajeitada mente tenta um pequeno vôo e cai sem graça no chão.


Não era mais uma menina com um livro: era uma mulher com seu amante


A palavra é o meu domínio sobre o mundo.


Sou como você me vê.
Posso ser leve como uma brisa ou forte como uma ventania,
Depende de quando e como você me vê passar.


Porque eu fazia do amor um cálculo matemático errado: pensava que, somando as compreensões, eu amava. Não sabia que, somando as incompreensões é que se ama verdadeiramente


Amar os outros é a única salvação individual que conheço: ninguém estará perdido se der amor e às vezes receber amor em troca.


Faça com que eu saiba ficar com o nada e mesmo assim me sentir como se estivesse pleno de tudo...


Me deram um nome e me alienaram de mim.

Só o que está morto não muda!
Repito por pura alegria de viver:
A salvação é pelo risco,
Sem o qual a vida não vale a pena!!!"


Eu sou mais forte do que eu.


Uns cosem pra fora, eu coso pra dentro.

Escuta: eu te deixo ser, deixa-me ser então

Não tenho tempo pra mais nada, ser feliz me consome muito.


Divertir os outros, um dos modos mais emocionantes de existir.


Sou um monte intransponível no meu próprio caminho. Mas às vezes por uma palavra tua ou por uma palavra lida, de repente tudo se esclarece.




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